[ da série: 'Devaneios Poéticos' ]

SOLIDÃO
Solidão tem significado de dor?
Pra mim não. Adoro a solidão.
Solidão total da ignorância humana. Solidão de tristes momentos.

Solidão tem sinônimo de paz.
Sinto uma total, e necessária paz quando estou só.

Solidão, não escuridão. 
A escuridão me assusta, quase apavoro.
Pois é a total falta de luz.

Na escuridão pode-se estar só, mas também com invisíveis à visão.

Medo eu tenho de multidão e solidão, no mesmo instante.
Que é ter aquela multidão ao teu lado, mas estar, ao mesmo tempo, em total solidão.
Total desligamento do momento.

É como se eu não estivesse ali.
É simplesmente triste estar solitário em meio à multidão.

Talvez pareça triste esta minha apreciação pela solidão.
Mas eu a compreendo.
(Talvez somente eu)

Antes calar-se na própria solidão, pois serás entendido.
O silêncio é uma complexa resposta.

É melhor calar-se,
Pois ao falar na multidão,
Por vezes, talvez, não entenderão o significado das palavras.
Será como poeira ao vento...
Que poderá ferir alguns,
Ou também passar despercebido,
Totalmente invisível e insonoro.

*Jeanine de Moraes

EU SOU O AMOR


Sou aquele gesto, aquele afeto, aquele bem-estar, ou simplesmente não-estar...

Sou o sentido ligado à paz. Sou sensível, vivo intensamente, não tanto quanto deveria, mas sim: cada segundo em que existo!

Sou paz... sou alegria... sou tormento... sou dor!

E meu corpo responde, é algo incontrolável, como sofro!

Há vários tipos de amor? Já tive alguns, sim. Vários, variados... intensos? Recíprocos?

Até mesmo o sol, que transmite luz e calor, e a lua, na noite escura, que se sobressai entre as estrelas, são incomparáveis à energia do amor.

Nem a total escuridão, nada tem minha força.

Começa na leveza, aquela total paz espiritual, pois eu sou tanto quanto eu puder ser.

Sou capaz de tudo. Sou capaz de ser irracional... pois sou o amor!

Cada rumo que eu dou, cada instante, cada segundo, são tão intensos, porém jamais eternos.

Ai, como quisera que assim eu fosse.

Divido minha vida, por amor, e simplesmente sobrevivo.

A única certeza que tenho, é tristemente, o fim...

Todos amam, amam realmente?

Todos são capazes... então, por que fazer sofrer?

Talvez seja a ligação com o que passou, talvez a dor da lembrança, o medo de reviver?

Mágoas! A dor... do mal-amor?

Apenas não quero me perder!

Não foi pra isso que eu vim...

Quero agir, e posso ser feliz!

Apenas tenho a certeza do que sou: eu sou o louco amor! Esse doido amor!

Eu não quero que me proves o contrário.

Talvez seja ignorado, talvez seja incompreendido.

Mas o que eu sou? Algo em vão?

Solitário? Incompreendido?

Mas, por quê? O amor é simplesmente para ser sentido e vivido!

Se não, nada teria razão!

Então, seja...

Seja eu!

* Jeanine de Moraes

[ da série: 'Devaneios Poéticos' ]

O DESTINO DE CADA UM
Caminhos que seguimos. Caminhadas sem rumo, sem chegada.
Sem uma companhia.
Caminhos longos, loucos. E por vezes, tristes.
Caminhos necessários.

É uma estrada que não termina para quem vai...
E eu vou!

Onde está o destino?
Lá? Aqui? Ou agora?
Talvez seja o final?
O final desta longa caminhada...

Meu destino?
Já andei sem rumo, pela euforia do momento.
Já andei mal, e iludida, por um falso caminho.

Viver é andar, com ou sem rumo, por onde não há somente flores e pedras,
Há sim, muitos buracos...

E lá eu caí!
Foi difícil, mas necessário!

Mas eu não cheguei ao final desta caminhada...

Encontro encruzilhadas,
Pra onde seguir?

Muitas vidas parecem uma encruzilhada.
Caminhos desastrosos?
Ou caminhar ao longe?

Eu quero tentar acreditar que, ao longo, finalizando o meu rumo,
Nesta estrada, que, além de tudo - e das minhas dores,
Eu conheci, vivi, amei...
Pela estrada da vida.
*Jeanine de Moraes

[ da série: 'Devaneios Poéticos' ]




DOCE NOSTALGIA
Quando chove eu fico feliz.
É como se minha infância, meu espírito infantil e livre ressurgisse... de repente...

Essas gotas frias e tão belas!
Tantos momentos alegres vivi, em meio a uma chuvarada de verão.

Essa chuva limpa meu coração, molha e revigora meu corpo!
Corpo não mais infantil, rosto, mente não mais tão inocentes!

Ainda me entrego totalmente a essa alegria!
Esse mágico momento...
Doce chuva, doces lembranças!

Ainda que não me compreendas, continuo feliz... pois sou como a chuva, com seus chamativos trovões, como uma forma de aviso... uma demonstração de alegria e de tristezas...

Às vezes sinto necessidade de ser trovão!
E como suas gotas, tão geladas, às vezes são as minhas lágrimas...que tento disfarçar...

A água da chuva, tão pura, tão necessária, é um lindo estado da natureza, que eu admiro, e necessito, e não apenas como os seres vivos e as plantas necessitam de água para não morrerem...
Necessito de chuva, é como se eu pudesse lavar a alma...

Para ti, talvez seja apenas um dia sem sol...
Porém, para mim, são lembranças! Que saudade!

E em meus tristes momentos, esta chuva, me traz a lembrança de uma vida que tive... 
...quando eu simplesmente vivia, e me divertia, com trovões e gotas geladas!
*Jeanine de Moraes

A LISTA

Abrir o baú das recordações, dar uma volta no túnel do tempo, deixar perder-se na “Caverna do Dragão” pode ser muito valioso.
As séries antigas, tanto quanto os filmes da “Sessão da Tarde”, têm seu valor.
Me desculpe se você não concorda, mas quem diz que não, é porque tem algo mal resolvido – e não quer tocar na ferida -  ou está mal de memória.
No mínimo é divertido rever essas relíquias. Eu sou da geração que nos anos 90 amava “Barrados no Baile”, e que sonhava em ter filhos gêmeos, a Brenda e o Brandon, e que assistiu umas cinco vezes “Curtindo a vida adoidado”, “De volta para o futuro”, e o recorde de repetições no SBT, o filme “De volta à lagoa azul”.
Devemos nos atualizar, acompanhar o hoje e o agora, mas, sem olhar pra trás é mais difícil andar pra frente.
Tanto quanto ter novas experiências, é importante relembrar, recordar, rever, pois reviver é viver. O passado faz parte de nós, ou seja, é a nossa essência.
E para isso, temos a nosso favor a internet, quando desejamos “resgatar” alguém que perdemos contato. Sabendo o nome e sobrenome de alguém, podemos (ou não) reencontrar as pessoas.
Pesquisas comprovam que as redes sociais tendenciam as pessoas à depressão. E eu concordo.
É legal postar coisas que gostamos, mostrar fotos de lugares e com pessoas que amamos, ver dos outros, postar uma música, um poema, um pensamento, compartilhar uma notícia...
Porém, essa ferramenta da comunicação é cruel. Sim, cruel quando você vê que Fulano e Beltrano se encontraram e o pobre do Sicrano não foi convidado. Por quê? Eles não eram tão amigos? Brigaram?
É isso aí. Redes sociais são vitrines. Posta-se o que o “dono e proprietário” quer, de acordo com a sua intenção. Além do que, cada um interpreta do seu jeito.
Eu vejo como um facilitador para encontrar pessoas. Quase todo mundo está no Facebook, inclusive aquela sua tia que adora fazer certos comentários que te deixam muito sem graça e com uma louca vontade de desfazer a amizade.
Redes sociais são válidas para reencontrar colegas e amigos que se mudaram e perdemos contato, saber o que faz ou por onde anda alguém que já fez parte do nosso cotidiano, alguém que se esteja interessado. Ou seja, fuxicar a vida alheia sem que o outro saiba.
Quem mandou ele publicar?
Nostalgia e saudade são palavras fortes, entretanto, que nos fortalecem. Quer dizer que algo (ou alguém) que já passou mereceu essa recordação.
Às vezes o dito-cujo não merece, mas se fez você relembrar, é porque talvez algo esteja ainda mal resolvido. Isso também pode ser carência, mas daí já é assunto para outro artigo.
Sendo assim, parafraseando Oswaldo Montenegro, na canção “A Lista”, deste mundaréu de “amigos” que tu tens, “faça uma lista de grandes amigos”. Agora, destes quantos são de fato teus amigos de verdade?
Eu pergunto: quantos atualmente visitam a tua casa. E tu, tens conversado – ao vivo, e não virtualmente – com aqueles que você diz serem importantes e especiais?
Cadê seus amigos? A festa acabou e todos se foram?
Cadê “quem você mais via há dez anos atrás /quantos você ainda vê todo dia /quantos você já não encontra mais...”?
Desculpas é o que mais temos: a correria do dia-a-dia, compromissos, preguiça, uma certa mágoa...
A maioria das pessoas muda. Tanto por fora, como por dentro. Isso se chama evolução. Uns amadurecem, outros parecem que apodrecem. Mas e a essência, ela fica?
Daqueles amigos, ”quantos você conseguiu preservar... quantos amigos você jogou fora?”
O que é importante sempre está perto, dentro de nós, e sempre podemos resgatar.
Sessão nostalgia é válida se temos a intenção de melhorarmos, de resgatar, de costurar, de tentar curar uma ferida que não sara.
Se não. Melhor não “aceitar” o convite. De que vale adicionar em sua vida?
Para finalizar, usando ainda parte da canção do Oswaldo, faça uma lista de “quantas pessoas que você amava / hoje acredita que amam você?
Considere-se um privilegiado se conseguir somar todos os dedos de uma mão.

*Jeanine de Moraes