INQUIETUDE

Eu não sei lidar com o tédio.
Tenho um grande defeito que é a ansiedade.
Sou uma ariana apressada, rapidinha nas palavras, nos passos.
Nunca tive muita paciência para jogos, e tenho uma grande dificuldade em ouvir as pessoas sem antes tentar adivinhar o que elas estão contando.
Muitas vezes sou uma chata, até inconveniente. Mas quando me dou conta disso, já falei demais.
Mas eu não queria ser assim. Não gosto de ser assim.
Um exemplo é que eu tento, e como tento, prestar atenção nas pessoas, nas coisas. Eu descobri que sou mais observadora e presto atenção quando o locutor não fala diretamente a mim. Assim capto mais as informações.
Aprendo muito lendo também. Leio e faço observações, anotações, ou explicando para alguém algo que acabei de entender. Assim eu aprendo.
Parece que, quando estão falando comigo, meu eu interior tenta se preparar, a qualquer momento, pra uma pronta-resposta. Sendo assim, meus ouvidos escutam, mas o cérebro fica já formulando uma resposta. Ou seja, me estrepo!
Quando vejo já saiu da boca, e pronto!
Já tive sérios problemas com a família, com amigos e até no trabalho por causa desse meu jeito “avoado”.
Ultimamente ando muito atarefada no trabalho, em casa (e quem não está?) e eu relacionei essas falhas de memória, de desatenção devido ao estresse.
Mas, assistindo um programa de saúde esses dias eu me auto-diagnostiquei!
Eu me enquadrei em muitas descrições de um problema chamado TDAH.
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade é uma síndrome caracterizada por desatenção, hiperatividade e impulsividade causando prejuízos a si mesmo e aos outros.
O programa informava que muitas pessoas são hiperativas hoje em dia, devido diversos fatores e tarefas diárias que as “obrigam” a ser assim, e isso é até de certa forma tratado como “normal”, pois o mundo atual é multiatarefado, cheio de muita informação e possibilidades, e o ser humano do século XXI tornou-se mais flexível as muitas tarefas diárias do mundo moderno. Basta se organizar e vive-se bem.
Mas o que me chamou a atenção é que o que é definido como um problema de saúde é quando essas características se intensificam em pelo menos dois contextos diferentes (geralmente em casa e na escola/trabalho), principalmente quando há o predomínio de desatenção em alguns sintomas que persistem pelo menos 6 meses.
E, definitivamente, eu me enquadro em 90% dos sintomas. Não vou citá-los, pois são muitos.
Eu não havia me dado conta desse meu problema até esses dias, quando tive uma séria discussão com uma amiga, e um dos assuntos foi esse meu jeito desligado.
Até então eu não via isso como um problema, ou grande defeito, mas é sim. E foi aí que, assistindo o GNT – Alternativa Saúde, prestando atenção a reportagem, eu me dei conta!
Na infância eu já sofria por isso, pela minha dificuldade de concentração. E estudos dizem que a criança com Déficit de Atenção muitas vezes se sente isolada e segregada dos colegas, mas não entende por que é tão diferente. Fica perturbada com suas próprias incapacidades. Sem conseguir concluir as tarefas normais de uma criança na escola, no playground ou em casa, a criança hiperativa pode sofrer de estresse, tristeza e baixa auto-estima.
E, definitivamente, eu vou procurar ajuda médica! Eu acho que tenho esse problema!
Não é de hoje que eu sou “desligada”, que já levei muitos apelidos por esse jeito “dãrd” de ser.
Na escola, nossa, quanta dificuldade para fazer uma prova se algum colega batia o lápis na mesa, ou o pé, ou lá na rua, alguém gritava, um carro buzinava.
E no ensino médio me chamavam de “Pontinho Preto”. Não, não é pelos meus cabelos negros. Devido eu ser paradoxalmente desligada e antenada.
Sim, isso é possível em um ser apenas. Minhas colegas definiram este apelido partindo assim: se eu estivesse num quarto todo branco, sem móveis, sozinha, com roupas brancas, eu, ainda assim encontraria um “pontinho preto” na parede, no teto, no chão!
Parece piada? Pimenta nos olhos dos outros é refresco. Pra mim isso é sério, seríssimo.
Voltando ao problema, fui além e me informei que isso é uma doença genética e também pode ocorrer devido negligência familiar.
Está tão na moda falar que quando a criança é muito arteira, agitada, cheia de energia, e por vezes curiosa demais, ela é hiperativa!
Há muita controvérsia sobre o assunto. Há especialistas que defendem o uso de medicamentos e outros que acham que o indivíduo deve aprender a lidar com ele sem a utilização de medicamentos, cabe a um profissional avaliar a situação.
É importante saber que o TDAH é um transtorno psiquiátrico que tem como características básicas a desatenção, a agitação (hiperatividade) e a impulsividade, podendo levar a dificuldades emocionais, de relacionamento, bem como o baixo desempenho escolar e outros problemas de saúde mental.
Eu aprendi que preciso muito me concentrar, preciso de foco. Se não...
Existem momentos que intensificam minha agitação, ansiedade, meu tédio. Quase explodo! Porém, felizmente, há momentos em que eu me concentro, tento acalmar internamente essa inquietação, e descobri na leitura, e também na escrita, uma forma de relaxamento. Já fiz até reiki!
Uma vez comentaram que o que eu escrevo em meus artigos são para mim, ou seja, escrevo de certo forma como uma auto-afirmação de alguns problemas. E sim, também acho que é bem por aí.
Esta minha agitação, minha inquietude, minha mente inquieta e muito curiosa, desde que eu me conheço por gente, me induz a procurar respostas.
Fiz uma seleção de frases da Clarice Lispector que cabem muito bem aqui, já que o assunto é muito inquietante:
“ A palavra é o meu domínio sobre o mundo.”
“Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever.”
“Com todo perdão da palavra, eu sou um mistério para mim.”
“Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou um o quê? Um quase tudo.”
“Eu não: quero é uma realidade inventada.”
“Ando de um lado para outro, dentro de mim.”
Enfim, todos temos defeitos. Todos temos inquietudes, e poucos tomam a coragem de expor, e se dão conta de que precisam de ajuda.
Cabe a cada um perceber, aceitar e tentar melhorar.
Amor e respeito é a chave de tudo.
Todos temos esquisitices peculiares. Cada um com suas manias, preferências, desejos, vontades. Cada um sabe seu limite de coragem e de covardia.
Finalizo este artigo com outra ótima frase da grande Clarice Lispector:
“E se me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar.”
*Jeanine de Moraes

A BUSCA DA FELICIDADE

O pensamento humano é uma grande incógnita. Um mistério.
Como bem diz Fernando Pessoa “o segredo da busca é o que não se acha”.
O mistério e a verdade de cada um é imperceptível aos olhos. Vai muito além da imagem.
A consciência e a reflexão são infinitamente maiores (e complexas) do que pensamos ser.
É olhar além do objeto. É ver o que não é mostrado.
Pode parecer o impossível, ou além da realidade.
Pode não ter claridade alguma. Por isso se chama mistério.
É preciso pensar no que, de fato, faz sentido.
Os pensamentos e as crenças formam o homem, porém são as suas atitudes as marcas perceptíveis.
A realidade enfrenta uma luta incessante com a imaginação e a fantasia.
Viver de incertezas é estar sempre em busca do conhecimento.
Cada novo dia é repleto de tantas experiências e oportunidades.
A única certeza (mortal) é o fim.
Tudo demais é incerteza. A beleza da dúvida. A curiosidade do novo, ou do velho.
Viver em busca de novas sensações, por vezes, pode ser arriscado. Mas o que seria da emoção sem o risco?
O risco de viver é simples demais. O óbvio é muito sem graça.
A graça da vida não é correr o risco dela, e sim, fazer de qualquer (simples) momento algo que valha a pena.
Busque na lembrança momentos importantes da sua vida. Com certeza estes pensamentos são determinantes para a formação dessa pessoa que és.
Foram as sensações vividas que ficaram registradas na memória.
Descobrir a vida é fantástico. A mente humana tem uma imensidão de oportunidades que fascinam!
A sua existência depende unicamente de si mesmo.
O infinito me surpreende!
O pensamento da ilusão vale de reflexão.
Creio que o mundo da imaginação é válido para a realidade.
Mas a vida é um eterno descobrimento!
Conhecer, provar, desvendar! Aprimorar-se!
Não é preciso mudar radicalmente, mas, sim, mudar em busca do melhor.
Do bem e do bom.
Dentro de cada um há um mundo desconhecido.
Aproveite a viagem que é a vida!
A felicidade está tão perto: a felicidade está dentro de nós mesmos.
Como diz o grande Mahatma Ghandi “Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.”
* Jeanine de Moraes