[ Garrancheando ]

[...]
Sumiram as palavras?
Faltou inspiração?
Cadê a emoção?
A vista da janela, 
o conforto,
já não alegram mais?
Cadê o sol?
Olha a chuva!
É, eu sei, sei que vai passar...
Será?
*Jeanine de Moraes 

[ Da série: apenas um garrancho devaneadamente poético. ]

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#blogueirafamosasqn
#portaretratodajeaninedemoraes

PORTA-RETRATO


Sempre gostei de fotografia. Desde pequena eu adorava ver fotos, principalmente as antigas, aquelas em preto e branco dos álbuns da minha avó me fascinavam.
Eu adorava saber daquele momento que estava registrado, e mais ainda imaginar como era ter vivido ali, naquela época e naquela cena.
Ver imagens de revistas também sempre foi algo que me agradava. Hoje mais ainda, como todo ser humano, um pouco de futilidade faz bem, é necessário.
Eu disse um pouco, para não nos tornarmos estátuas, e não nos afundarmos no poço da inutilidade.
É preciso ter bom senso, ou tomar “sefragol” - como dizia a minha mãe - com a superexibição nas mídias, a tão atual ostentação e até, por vezes, enganação.
Meu interesse inicial por livros também foi relacionado às imagens, desde pequena sempre gostei muito das revistinhas em quadrinhos.
Atualmente dispenso a imagem num livro, mas quando criança as imagens são indispensáveis, e livro tinha que ter figura.
A imagem vale para a imaginação, assim como escutar uma boa canção.
Pena que hoje as pessoas seguem muito ao pé da letra que “uma imagem vale mais que mil palavras”.
Ok, legal. A publicidade e a propaganda trabalham duro (uns nem tanto) para criar um significado vendável da imagem para os consumidores.
Mas o que me chateia é essa exacerbação e idolatria com a imagem.
Reitero: com a imagem perfeita, que está ligada à preocupação - de grande parte das pessoas - de ter a roupa, calçado, bolsa, acessórios e etecetera, da moda.
Para sermos felizes o cabelo, a pele e o corpo devem ser iguais ao da Gisele Bündchen?
É aqui que me refiro à imagem e ao exagero.
É importante a preocupação com a beleza, o corpo e a imagem, mas de modo saudável.
E assim, como cuidar do exterior, devemos valorizar o interior.
Veja além da figura.
Treinar e cultuar não apenas o corpo, e sim o cérebro e o coração.
Não basta apenas olhar. Enxergue além do que os olhos podem ver.
Não fique apenas com a capa ou as figuras do livro. Leia.
A beleza da imagem do porta-retrato é o que se viveu e estava naquele instante em que foi fotografado, porém o que vale mesmo foi o que ficou registrado na memória e o que não se vê mais, aquilo que apenas sentimos.
Na era das selfies registramos muitas imagens, porém somente as especiais vão para o porta-retrato.
Assim como o interesse pela fotografia, a leitura e a escrita me acompanham e seguem até hoje.
Eu adoro fotografar e registrar momentos, porém quando a minha mãe ficou cega eu fiz uma nova reflexão sobre a visão e a perda. Repenso até hoje na minha relação com os inúmeros álbuns que eu adquiri durante anos - sem contar as imagens digitais em computador, tablet, celular, redes sociais e hoje na nuvem.
Eu não deixei de fotografar, e nem penso.
Apenas reforçou a minha paixão de registrar em palavras o que eu vejo da vida.
E assim surgiu o meu blog PORTA-RETRATO, onde eu fotografo em palavras o que me importa e o que eu creio ser importante publicar.
Partindo da vontade de expor meus devaneios, pensamentos úteis e inúteis, eu compartilho este espaço.
Leia, e fique responsável por suas interpretações.
*Jeanine de Moraes
#blogueirafamosasqn