Eu minto. Pronto, falei. Eu
preciso desabafar. Ai que alívio.
Concordo que a mentira é algo
horrível. Ser enganado é muito cruel.
Porém eu tenho dúvidas do que é
pior: o sincericídio (suicídio devido
a super sinceridade sem medir as palavras, expondo diretamente a sua opinião,
doa a quem doer) ou uma mentirinha.
Não sei. Minha opinião.
Ser mentiroso é um desvio de
caráter, mas nem tudo se faz necessário dizer.
Se alguém, que está acima do
peso, te perguntar se está gordo, o que você diria?
Depende, não é? Aposto que você
pensou. Pois depende. Depende do quanto é a intimidade com essa pessoa. A sua
opinião irá ajudar ou piorar a situação? Fará diferença?
É preciso intimidade e respeito,
eu diria, pois as palavras podem ser ditas de diversas formas.
Em certos momentos eu prefiro
ficar com Cazuza, quando diz que “mentiras sinceras me interessam”.
Tem coisas que devemos ficar para
nós, como engolir sapo no meio profissional, muitas vezes, se faz necessário.
Vivemos numa selva de pedras onde
as máscaras se fazem necessárias.
De novo eu digo, essa é a minha
opinião.
Se quando estamos em grupo é
preciso ter bom senso de nossas humildes opiniões e saber respeitar os demais,
no trabalho, além disso, seguimos hierarquias.
E cabe ao bom senso perceber que na
vida profissional é onde mais devemos estar atentos às boas maneiras, e cabe
aqui dizer sobre o “bom’ e sociável comportamento, principalmente quando nos
relacionamos com pessoas.
Concordo inteiramente com Gabriel
Garcia Marquez quando diz que “Todos temos
três vidas: a vida pública, a vida privada e uma vida secreta.”
Também cabe citar Pierre
Beaumarchais, quando diz que “Sem liberdade de criticar, não existe elogio sincero.”
Muitas vezes é muito difícil
dizer o que realmente se pensa, e sente, numa determinada situação, quando a pessoa
se sente acuada. E sem respeito, ou seja, falante-ouvinte e vice-versa, não há
diálogo.
Que fique claro que eu não estou
fazendo apologia à mentira! Mentira patológica é um distúrbio psicológico, é
preciso se tratar.
Porém, até a sinceridade tem
limite. Na verdade não é bem a sinceridade, é a educação. Novamente o respeito.
Saber relacionar-se.
Não devemos
fazer algo que não gostaríamos que fizessem conosco. Ok, concordo
absolutamente. Entretanto, vista a palavra que melhor se adeque à situação.
Assim como as roupas, as palavras
também servem para serem usadas de acordo com a ocasião. Quer um exemplo?
Ninguém se atreveria a entrar
numa igreja de biquíni ou sunga? Ou usar um vestido longo de paetês num sol
rachando à beira da praia?
Ok, tem louco pra tudo. Mas a
questão é que a gente não fala com o Sr. Presidente da empresa assim como
falamos com nosso melhor amigo? Não. Nem vice-versa.
É feio mentir, a gente aprende
isso desde a infância. E com as situações da vida aprendemos a ter elegância,
elegância de comportamento.
E isso não se aprende de pai para
filho, nem na escola. Se aprende com a convivência, relacionando-se com o
mundo, muito além do seu umbigo.
Omissões, falsidades, mentiras e
traições são coisas horríveis.
Quem nunca sofreu por uma
traição, foi enganado, ludibriado, ou descobriu uma mentira?
Entretanto, quem nunca mentiu? Que
atire a primeira pedra.
*Jeanine de Moraes
2 comentários:
Quem nunca mentiu?
Quem nunca mente?
A propósito um alemão escreveu um livro sobre isso. Título: Sincero
Está na lista de leituras para o ano.
E se fôssemos proibidos de mentir, completamente, a ordem social resistiria? Será que também uma pequena cota de mentiras não fazem parte da "cola" que une os seres humanos no que é a sociedade? Se fosse mandatório somente dizer a verdade, não entraríamos em um estado de bárbarie, sem perspectiva imediata de retornarmos a paz social anterior?
Uma pesquisa norte-americana indica que as pessoas estão mentindo (pelo menos lá, nos E.U.A) até cinco vezes mais do que se mentia antigamente! Desvio de caráter tão acentuado assim? Pode ser. Ou as pessoas estarão mentindo, também, para preservar ou melhorar a auto-estima e a auto-imagem, porque se sentem agredidas pela cultura que temos nessa sociedade capitalista? Creio que aí a Psicologia e a Sociologia possam fornecer explicações razoáveis, e no caso da primeira, tratamento, quando isso se revela uma questão de desordem psicológica.
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