A VIDA não é bolinho, não.

Barbaridade! Como há diferenças neste mundo. Uns vivem numa miséria, numa pobreza que mal têm o que comer. E quanto mais pobres são, mais filhos têm.
Triste, triste mesmo, pois eles próprios não têm noção da atual vida, da atual realidade em que vivem, e do mundo. E o futuro? Nem sabem o que é isso. Não há administração, não há perspectiva de vida... Triste mesmo.
Venho de uma família pequena. Mas eu também já sofri por ser pobre, digo que passei momentos de constrangimento por não ter nem pão e leite em casa, e termos que comer bolinho frito (nego deitado, que é sem fermento), com café preto! É... isso me deixava indignada, pois não éramos tão pobres assim, mas sim o problema era de administração, administração das contas familiares da minha mãe... não falta de dinheiro, e sim, de competência. Uma coisa é não ter dinheiro, outra é não saber mantê-lo, administra-lo e “gostar” da vida de bolinho.
É, ter que comer bolinho não era nada legal. Por isso que por muito tempo passei longe do café preto. Não, muito obrigada.
Felizmente, o destino está em nossas mãos, e aprendemos com os exemplos que encontramos. Alguns seguem os maus exemplos encontrados, outros, pegam estes e utilizam como seus exemplos de vida, de vida que não querem.
Desde que me dei conta de que eu era gente - vou definir “gente” como quem pode agir por si próprio - tomei a conclusão de que eu ainda não sabia o que eu queria da vida. Entretanto, eu sabia muito bem o que eu não queria para mim.
Cada um sabe onde seu calo dói, onde o sapato aperta, onde o joanete incomoda. É só procurar um pedólogo, uma pedicura, trocar de sapato, andar descalço, ou seguir a vida, acreditando (e aceitando) que pé de pobre não tem tamanho.
Uma vez uma vidente, aquelas mulheres que colocam cartas para ver o futuro, falou de mim para uma amiga. E segundo a senhora, que admirou-se quando “leu” a minha carta, disse que eu era uma pessoa muito rica, e que se eu não era ainda, seria, e muito.
Enfim, ela acertou! Rica eu sou mesmo! Olho para trás e vejo tudo o que vivi, meus dramas, traumas, tragédias, e hoje, sem querer ostentar bens materiais, eu sou o que transpareço: vivo independente do meu passado, com emoção em busca de realizações, em busca de tranqüilidade, de amor, de paz e fidelidade.
Não sou uma pessoa orgulhosa, sou bem simples por demais, e gosto de ser assim, mas tenho muito orgulho de mim, e gosto mesmo da minha vida. Luto por meus ideais, realizei sonhos, continuo realizando e realizarei mais ainda.
Não me conformei com situações difíceis, algumas tremendamente trágicas, que enfrentei, e que podiam ter me predestinado a uma vida insossa.
É preciso acreditar em si, ter fé, e partir pra luta. A porta do zoológico será aberta, pois engoliremos sapos, encontraremos raposas, pentearemos macacos, tomaremos coices, patadas, mijadas... Muitas vezes será preciso também colocar em práticas as aulas de que eu nem tive, mas sei que era do currículo em mil novecentos e antigamente, as tais aulas de Técnicas Agrícolas, pois será preciso temperar pepinos, cortar abacaxis...
É, meu amigo, a vida não é bolinho, não!
Mas também não morri de fome, ao menos bolinho frito tínhamos. Ô coisa mais sem graça... triste.
(*Jeanine de Moraes)

4 comentários:

Betina J. Pereira disse...

Nine,
Os bolinhos te levaram pra frente, nao esquece de agradecer, sempre, por eles... Eh bem como penso: A nossa vida a gente que faz, baseada em bom ou mal exemplos...
Fico feliz que construiste um caminho de sucesso!!!
E tb que, finalmente, postou de novo!
BJOOOOO

Anônimo disse...

O Nine , nos temos q passar por momentos aos quais nao nos agrada muito, mas com certeza so nos faz mais fortes.
Sabedoria eh… nao se conformar com uma vida mediocre e correr atrás dos sonhos, parabens mulher guerreira.
O que mais me surpreende e me encanta eh qdo nos damos conta de que o nosso processo de amadurecimento se da atraves de momentos tristes e alegres, essa eh a vida, o caminho percorrido de forma boa ou ruim ate alcancarmos o tao abencoado futuro.
Amiga, voce esta escrevendo muito bem. Love you! bjs Lily

Cristiano disse...

Opa!

Belo post!

Por vezes, eu já pensei da forma como tu escreveu, em relação à vida que levei....

Mas graças à Deus, nunca passamos por necessidades.

E meus pais, mesmo errando, sempre puderam me dar o melhor que estava ao alcance deles, não só em termos de comida, mas em termos de escola....

Tanto eu, como meus dois irmãos, tivemos boas oportunidades, até o momento de alçar vôo sozinhos. Daí, nos reconhecemos 'por gente', como tu comentou. E neste momento, cada um segue sua vida.

Na minha opinião, muitas vezes nossos pais e nós também ficamos acomodados com uma determinada situação e, com diz o Zeca Pacodinho: "Deixe a vida me levar....".

Mas da forma como tu escreveu, a acomodação não pode fazer parte da nossa vida (nem da tua e nem da minha) e precisamos estar sempre pensando em melhorar.

Eu penso que nossos pais querem ver em nós tudo aquilo que conseguiram e que não conseguiram fazer. Nos ensinaram aquilo que a vida lhes ensinou.... cabe à nós fazer dos limões, a limonada!

Mas uma coisa que achei muito interessante, é que tu fala que durante um bom tempo, não queria nem saber de café preto. Que trauma, hein?? Um cafezinho é tão bom!! hehe

Tem umas situações pelas quais passamos que são difíceis de esquecer.... por exemplo: eu trabalhei um bom tempo de moto, assim como andei muito de ônibus.

Como eu tinha que ir trabalhar de moto, muitas vezes chegava sujo ou molhado no trabalho e na faculdade. Cára.... por muito tempo eu não podia nem pensar em ter uma moto de novo. Tá lôco!!

Mas são fases na vida... a gente vai melhorando, analisando os aprendizados e passando por cima desses 'traumas' (se é que podemos chamar assim).

Grande abraço pra ti e para a família!!!

Cris Martins disse...

Triste? Triste é permanecer nessa pobreza de espírito. Felizmente tu foste bem maior do que esses percalços, felizmente és vencedora. Lutou e fez diferente. E agora terá a oportunidade de criar seu(s) filho(s) de uma maneira completamente diferente, sem bolinho frito, mas sem perder a essência da simplicidade.