PORTA giratória

Você já parou para pensar quantas pessoas fazem sentido na sua vida?
Pare e olhe ao seu redor. Veja quanta gente está perto de ti.
Muitas delas estão ali, preenchendo uma determinada função, função profissional que interfere na sua, muitas vezes.
Mas quantas destas, realmente, fazem sentido, ou melhor, agregam algo na sua vida?
Temos colegas de trabalho, amigos de trabalho, nossos superiores, aqueles que trabalham para e com a gente.
E além destes contatos diários diretos, temos os indiretos.
Telefonemas, e-mails, mensagens instantâneas. Clientes, credores, amigos, conhecidos.
Já parou para pensar quanta gente está ligada à você?
E quantas delas realmente fazem sentido à sua vida? Ou melhor, fazem a diferença?
Poucas, imagino.
A vida está repleta de pessoas, mas poucas delas fazem sentido, interferem ou engrandecem a nossa vida.
Às vezes não permitimos a liberdade destas interferirem, ou até mesmo elas não se interferem.
O contato virtual está em alta. Nada de novidade nessa afirmação.
Com a correria do dia-a-dia acabamos não encontrando as pessoas por falta de tempo, preguiça, vontade. E aí a tecnologia vem ao nosso favor.
Temos contatos virtuais com pessoas que estão longe, ou estão próximas, até, mas foram se distanciando, e, de novo, com a correria (ô mundo moderno) os dias, semanas, meses voam... que nem lembramos quando foi a última vez que falamos, ao vivo. Não é?
Porém, em tempos em que as pessoas vivem para os sites de relacionamento – sim, porque eu conheço pessoas que tiram fotos “para postar no Orkut” – ficou muito fácil ter muitos, mas muitos amigos.
Amigos virtuais. Os reais dá pra contar nos dedos.
Quantos amigos visitaram a sua casa recentemente? E destes, quantos são seus amigos íntimos, que de fato te conhecem, que sabem quem tu és?
Por isso que o mundo virtual está em alta.
Nesse “mundo” todo mundo é bonito: claro, vou postar a minha melhor foto, e fazer photoshop, sem dúvida!
Todo mundo é inteligente: claro, para escrever posso pensar, posso até “control c + control v” num pensamento de quem mesmo? um cara lá, que nunca li, mas a frase era bonitinha, pro momento.
Todo mundo é querido. Sim, aí já entra o interesse...
Enfim, se destacar e aparecer, ou ser aceito, nesse mundo é muito, muito mais fácil que no mundo real.
Há pessoas que precisam se mostrar, pra não dizer, aparecer.
Não sou contra aparecer, pois eu adoro. Se tivesse oportunidade queria um dia ir ao programa da Hebe, ou sentar no sofá do Jô Soares, ou da Marília Gabriela, porque simplesmente eu adoro aparecer...
Mas eu critico aqueles que estão cegos, mudos e surdos na vida real.
São aqueles que somente vêem, falam ou ouvem quando não há contato direto, ou seja, virtualmente. São os chamados “cagões virtuais”.
Sabe cão que late e não morde? Pois é.
Ah, pois é! Mas viver assim é tão mais fácil, não é mesmo?
Não é não. Não é mesmo. Não é o caramba!
Pra se viver não é preciso ter coragem. Basta ter discernimento das atitudes, respeitar o próximo e não sair pelado na rua, porque o resto é lucro.
A liberdade de alguém começa onde termina a da outra. Ou seja, as pessoas têm a liberdade, ou seja, oportunidade de agirem. Basta balancear a razão com o coração. Discernimento!
E onde eu acho esse tal discernimento? Só vivendo.
Viva a vida real. Cuidado que relacionamentos virtuais têm muito valor, mas não deixe que sua vida fique neste mundo paralelo...
Pra viver no mundo real não é fácil. Mas também não é nada difícil.
Difícil é encontrar pessoas com a mesma sintonia que você.
Mas, enfim, não seja como aquelas portas-giratórias: que entram e saem sem deixar nada de consistente.
* Jeanine de Moraes

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