A
palavra medo é tão pequena, porém de um significado gigante. É um sentimento
que tem dois lados. Extremamente ambíguo, pois é duvidoso,
enigmático, impreciso, incerto, indeterminado, por vezes problemático e dúbio.
É
positivo, quando te segura e não deixa fazer coisas grotescas, como, se
arriscar na ultrapassagem entre dois caminhões em cima de uma ponte a 140 quilômetros por
hora. Se bem que isso é outra coisa, a pessoa que se arrisca desse jeito não é
só corajosa, é burra.
E
o medo é negativo quando te deixa amarrado, acovardado e inseguro.
Devemos
ter coragem e encarar nossos medos. Devemos enfrentar os temidos fantasmas. Se
não, será muito difícil evoluir.
Eu
já fui muito tímida. Não abria a boca pra nada. Extremamente quieta e
observadora. Fui uma criança que tinha medo que os colegas rissem de mim, que a
professora me chamasse a atenção. Eu tinha um tremendo medo de falar, o que
dirá ler na frente da classe.
Na
pré-adolescência, depois de ter vivido um grande trauma – que foi a morte
trágica do meu pai – eu tinha medo de ser o assunto, pois sempre que eu chegava
a algum lugar, me olhavam pelo canto do olho, apontavam, cochichavam e até
mesmo, indelicadamente, perguntavam-me sobre o fato.
Coisa
mais triste! Além da dor da perda, eu enfrentava a dor das atitudes das
pessoas, que agiam sem querer ou querendo.
Num
belo dia fiz 13 anos, e no dia seguinte aqueles 12 anos de menina ficaram
apenas nas lembranças. Duramente amadureci e segui enfrentando outras perdas e
dramas.
Se
antes eu era medrosa, a dor me ensinou a encarar o sofrimento, e, se não fosse
por mim, jamais sairia do meu mundo solitário.
Na
adolescência felizmente eu mudei. Ao poucos, mas mudei. Estudar noutra cidade,
conhecer pessoas novas, e ser uma completa desconhecida foi importante para a
lagarta sair do casulo e tornar-se uma borboleta.
A
morte me ensinou a dar valor à vida. A fome me ensinou a gostar de qualquer
tipo de comida. O medo me ensinou a ter coragem.
Posso
afirmar que de tão solitária (e curiosa) tornei-me uma autodidata na análise da
mente humana. Sempre me interessei em tentar entender o porquê de determinadas
atitudes nas pessoas. Uma analista tabajara
para tentar compreender os outros, porque entender a mim, isso não é muito fácil
até hoje. É muito mais difícil analisar quem se é.
A
solidão dói, mas ensina.
Em
maio de 2012, depois de muita vontade, medo, ter adquirido coragem, e o plano
de saúde cobrir, iniciei terapias com uma psicóloga profissional. Digo
profissional, porque felizmente eu tenho minhas psicólogas particulares –
grandes amigas, cada uma única e especial, como meus 5 dedos da minha mão direita
– que estão sempre de plantão, quando, como ou onde estiverem, e que são de
extremo valor, como quem estudou para esta profissão.
Porém,
com a ajuda da minha terapeuta eu resgatei dores e novamente enfrentei
fantasmas que, por muitos anos, eu tentei esquecer.
Compreendi
que eu devo e posso enfrentar meus medos. Não adianta escondê-los ou
disfarça-los. A melhor forma de evoluir é entendendo, aceitando e agindo para
mudar.
Não
sou exemplo de nada, mas me orgulho pelo meu empenho em ser quem sou e estar
onde estou por esforço, dedicação e mérito meu. Felizmente conheci ótimas
pessoas, a quem tenho grande respeito, carinho e gratidão.
Quando
não se tem bons exemplos ou apoio, devemos usar os maus exemplos como modelo...
do que não queremos para nós.
O
passado faz parte da nossa história, porém somos os autores da nossa vida. É
preciso ter coragem – ou pedir ajuda – para ser feliz, compreendendo que a
tristeza, a perda, a dor e o sofrimento são para serem enfrentados, superados e
para nos fortalecer.
Eu
aprendi a encarar meu medo, e que quando eu ascendo a luz, o bicho-papão
desaparece. De vez em quando eu durmo com a luz acessa, e continuo sonhando...
acordada.
Não
tenha medo. Tenha fé.
Um comentário:
Nossa que lindo!!! Texto perfeito! O melhor que li até agora no blog...
Amei isso aqui: "A morte me ensinou a dar valor à vida. A fome me ensinou a gostar de qualquer tipo de comida. O medo me ensinou a ter coragem."
Quando de fato te conheci aos 14/15 anos eu não vi lagarta nenhuma! Vi uma borboleta linda, colorida e luminosa... e eu queria ser igual aquela borboleta!! Hoje somos adultas (oi?) e pra mim tu já virou estrela. Antes a gente compartilhava sonhos, hoje a gente vive nossa realidade. Te amo demais irmãzinha linda!!! Maravilhosa! Poderosa! Vitaminada e necessária!!!!!!!!
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